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  • Contato Brasil, 02 de maio de 2024 15:09:11
Humberto Azevedo
  • 05/08/2023 17h39

    Os bastidores dos futuros ministros da gestão Lula III

    Nas Congressuanas e Esplanadumas da semana entre 31 de julho a 3 de agosto.

    Cerimonial de posse do novo ministro do Turismo, Celso Sabino.

    Quintas-feiras

    Era comum e sabido de todos, que os dias mais movimentados em Brasília eram as terças e quartas-feiras. Esse fato, verdadeiro, se dava em virtude das principais votações que acontecem, em geral, sempre nestas datas ao longo das semanas. Só que nos últimos meses, essa máxima começou a mudar. Sobretudo a partir da nova e terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa semana, por exemplo, o dia mais importante não foi nem terça ou quarta-feira. Foi, sim, quinta-feira, 3 de agosto. Data em que o novo ministro do Turismo, o deputado agora licenciado Celso Sabino (União-PA), enfim, tomou posse no cargo em cerimônia concorrida realizada no Palácio do Planalto. Também nesta quinta aconteceu a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin. No final de junho, a votação mais importante dos últimos 30 anos, a que aprovou, pela Câmara dos Deputados, as novas regras tributárias - em debate no Senado - aconteceu numa inacreditável sexta-feira. Certo, que esta votação do novo regramento tributário ocorreu dias antes do presidente da daquela Casa, Arthur Lira (PP-AL), partir para um compromisso familiar inadiável: comparecer ao cruzeiro do (Wesley) Safadão, no caribe.

     

    Razões

    As razões para que as quintas-feiras sejam mais concorridas neste início de governo se justificam muito em virtude de que o novo governo, empossado em janeiro, vem recorrendo muito menos vezes ao Congresso Nacional para governar, dada a dificuldade de diálogo entre uma gestão que sinaliza ser mais progressista e pró-civilização com um parlamento onde ecoam vozes extremistas pró-armamento, pró-conflito e anti-civilizacional.

     

    Destaque

    A concorrida cerimônia de posse de Celso Sabino no Ministério do Turismo reuniu a alta cúpula do atual Poder Executivo, do parlamento e do estado do Pará. Na primeira fila, prestigiando Sabino, estavam Luiz Inácio Lula da Silva, Arthur Lira, Rui Costa - ministro-chefe da Casa Civil, Alexandre Padilha - ministro das Relações Institucionais, Marcelo Freixo - presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o governador paraense - Helder Barbalho, o ministro das Cidades - Jader Barbalho Filho, além dos senadores Jaques Wagner e Randolfe Rodrigues - líderes do governo no Senado e no Congresso Nacional, o deputado José Guimarães (PT-CE) - líder do governo na Câmara e a cantora Fafá de Belém, que cantou o hino nacional.

     

    Ausência

    Se a posse de Sabino deu início ao noivado entre Lira & Lula, agora aguardando o casamento com os postos que a turma do PP e dos Republicanos terão no primeiro, segundo e terceiro escalão do atual governo federal, nem tudo são flores. A ausência do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), foi bastante sentida. Oficialmente, Alckmin não possuía nenhuma agenda, seja na vice-presidência, seja no MDIC, que poderia justificar sua ausência numa das posses mais aguardadas dos integrantes que ocupam a Esplanada dos Ministérios. À boca pequena, o que se diz nos bastidores, é que a ausência de Alckmin na posse de Sabino demonstraria sua insatisfação a ideia que circula no governo de que o seu posto no MDIC poderia estar sendo utilizado como moeda de troca com o “centrão” de Lira.

     

    Recado

    Se Alckmin faltou à cerimônia de posse do novo colega de Esplanada, Celso Sabino, o vice-presidente e chefe da pasta do MDIC compareceu, ao lado de todos os demais que compareceram e estavam na posse do deputado paraense do União Brasil como ministro do Turismo, na não menos concorrida posse do novo ministro do STF, Zanin. Apesar de dizer há alguns dias, em “on”, que deixaria o presidente Lula à vontade para, se quiser, retirá-lo do MDIC para acomodar algum integrante do “centrão” de Lira, o movimento em “off” do vice-presidente provavelmente demonstrou o contrário do que ele falou. Nos últimos dias, uma corrente do MDB associada a alguns integrantes do PT “fabricou” a notícia de que Alckmin seria o candidato governista ao Palácio dos Bandeirantes, em 2026. Cargo que já foi ocupado pelo ex-tucano e, agora, socialista por três vezes. Tudo para tentar acomodar o hoje governador paraense, Helder Barbalho, como possível candidato a vice na chapa de Lula na próxima eleição presidencial.

     

    Acotovelamentos

    As conspirações em torno do casamento entre o “centrão” de Lira com o governo Lula elevaram ainda mais o tão normal acotovelamento que a classe política promove em todos os momentos e todas épocas. Mas, pelo que se sabe, Alckmin não dará o seu lugar na Esplanada para acomodar alguém do PP ou dos Republicanos. O redesenho, na cabeça de Lula, estaria assim: criar o Ministério das Pequenas Empresas (MPE) e entregar o Ministério dos Portos e Aeroportos as bancadas dos partidos de Lira e Marcos Pereira, vice-presidente da Câmara e presidente nacional da legenda partidária ligada a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O MPE seria emancipado de uma atual secretaria do MDIC e teria a gestão do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), hoje ligado ao Ministério da Educação do petista e ex-governador do Ceará - Camilo Santana. Já o ex-governador paulista, Márcio França (PSB), que sairia da pasta dos Portos e Aeroportos, passaria a comandar o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), comandada atualmente pela ex-vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), que seria deslocada para assumir o Ministério das Mulheres. Nesta dança das cadeiras, quem perderia o assento no primeiro escalão seria Cida Gonçalves - atual ministra das Mulheres. Além dos dois ministérios, PP e Republicanos ainda ficariam com os comandos da Caixa Econômica Federal (CEF) e da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que teria vínculo direto com o Ministério das Relações Institucionais e compartilhamento de gestão com os Ministérios das Cidades, do Desenvolvimento Regional e da Saúde.

     

    Sai Serrano, entra Coelho

    Para o comando da CEF, sairia a funcionária de carreira do banco estatal por 33 anos, Maria Rita Serrano, e entraria a deputada Margareth Coelho (PP-PI). Para o comando da Funasa, ainda não há nome certo para ocupar este posto. Mas, provavelmente, não deve fugir de Alex Santana (Rep-BA), Aluísio Mendes (Rep-MA) e Augusto Coutinho (Rep-PE). Os novos ministros do “centrão” de Lira deverão ser André Fufuca (PP-MA) e Sílvio Costa Filho (Rep-PE).


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