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  • Contato Brasil, 02 de maio de 2024 12:35:53
Humberto Azevedo
  • 30/07/2023 11h49

    Os bastidores da nomeação de Pochmann, acabou a lua de mel na frente ampla, conservadores e liberais da civilização espremidos entre os extremistas de direita e a ojeriza à esquerda

    Congressuanas e Esplanadumas, coluna de Notas da semana entre os dias 24 a 28 de julho.

    O personagem da semana que agitou os bastidores do poder.

    IBGE

    Causou intrigas no seio da frente ampla, sobretudo no MDB da ministra do Planejamento - Simone Tebet, que ajudou a eleger Luiz Inácio Lula da Silva novamente presidente da República, em 2022, a indicação do economista ligado ao PT, Marcio Pochmann, para chefiar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Controverso e crítico das correntes liberais e neoliberais, Pochmann que já exerceu a presidência do Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (IPEA) durante a gestão da ex-presidenta Dilma Rousseff e tentou, sem sucesso, a prefeitura de Campinas (SP), em 2016, onde é professor catedrático na Unicamp (Universidade de Campinas), teve a sua indicação bombardeada por setores à direita e economistas conservadores - que apesar de terem votado em Lula na eleição de 2022, tem ojeriza em pensar que integrantes de alas desenvolvimentistas possam assumir o comando de órgãos técnicos, em Brasília.

     

    Rusgas

    A indicação de Marcio Pochmann para a presidência do IBGE, além de gerar um tremendo bafafá e uma saia justa entre os ministros Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), e a ministra Tebet, responsável pelo órgão, veio uma semana após o economista Eduardo Gianetti, ferrenho crítico das teses econômicas defendidas pelas alas desenvolvimentistas, afirmar em entrevista a Roberto D’ávila, que seu único receio - por ora afastado - é que os economistas do PT que não comungam com sua visão de mundo liberal e neoliberal voltem a assumir o controle da economia do país. Na oportunidade, Gianetti - que já foi um dos próceres economistas ligados ao PSDB e que nas últimas eleições de 2010, 2014 e 2018 coordenou essa temática para a então candidata e atual deputada federal licenciada e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-SP), elogiou como o petista Fernando Haddad vem conduzindo os rumos da economia do país.

     

    Sem opção

    Os ataques dos setores conservadores e à direita, que compõem a terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, ao nome de Pochmann e também a ojeriza às ideias que os economistas liberais têm dos colegas mais à esquerda ganharam força no Brasil, e em boa parte do mundo ocidental, graças à onipresença que o poderio do mercado financeiro exerce sobre as instituições republicanas e democráticas tornando toda alternativa ao discurso defendido por Wall Street e Faria Lima, uma opção equivocada e ruim. E o interessante é que toda crítica feita aos, aí sim, equívocos de práticas liberais e neoliberais, não encontram eco na mídia que se diz plural por conta da forte influência que o grande capital exerce sobre quase todas as publicações no Brasil e no mundo.

     

    Imbróglio

    E o mais interessante no imbróglio que divide a frente ampla da terceira gestão de Lula é que a ala mais à direita e conservadora, que se uniu ao PT, para evitar a reeleição do tresloucado, miliciano e atualmente inelegível Jair Messias Bolsonaro (PL), não entende e não vê que é exatamente os ditames liberais e neoliberais promovidos em diversos países do mundo ocidental, incluindo o Brasil, que proporcionou o enfraquecimento dos políticos tradicionais e democratas de visões de mundo de centro-direita, dando o seu lugar a extremistas e ultraradicais de direita. O fenômeno, mundial, decorre em virtude do que denuncia recorrentemente o linguista norteamericano, Noam Chomsky, de que “os privilégios e a abastança abundam” para a “ponta mais alta” das sociedades, “enquanto para a grande maioria as perspectivas são invariavelmente (...) enfrentar problemas de sobrevivência”.

     

    Menos emprego

    O futurista e um dos maiores especialistas em inteligência artificial do mundo, o australiano Brett King, afirmou nesta quinta-feira, 27 de julho, em entrevista ao ex-banqueiro e ativista progressista Eduardo Moreira, que até o ano de 2050 - daqui a 27 anos - 50% dos empregos hoje existentes no mundo irão sumir. Profissões como caminhoneiros, professores, dentre outras, serão totalmente substituídas pela inteligência artificial. A saída para comportar tantos seres humanos descartados, segundo ele, será a adoção da “Renda Universal Básica”. A formação em novos programadores, hoje uma tática utilizada para capacitar trabalhadores, funcionará a curto e médio prazo. Visto que a própria inteligência artificial ficará responsável em se auto-programar em busca de constantes atualizações.

     

    Mundo imutável

    As especulações apontam que o mundo novo avança, cada vez mais rápido, para um redesenho onde não haverá mobilidade social. E aí é que está o grande nó da problemática trazida pelas novas tecnologias que se apresentam. Sem trabalho e com uma renda pequena para cobrir despesas básicas, a humanidade caminhará pela primeira vez num mundo onde a luta pela sobrevivência não será a principal razão da existência. Doenças relativas à saúde mental como ansiedade, depressão etc tendem aumentar. E aí se lança a pergunta: a inteligência artificial conseguirá avançar também nesta área para tratar seres humanos com estas moléstias, ou a saúde mental será uma das poucas áreas em que humanos continuarão atuando sem a interferência dos algoritmos?


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