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  • Contato Brasil, 02 de maio de 2024 19:34:48
Humberto Azevedo
  • 17/06/2023 13h34

    Congressuanas & Esplanadumas

    Coluna de notas dos bastidores da política nacional da semana

    Gabinete do senador Marcos do Val, no Senado Federal, foi um dos endereços do parlamentar alvo de uma busca e apreensão por parte da PF

    Sem filtros

    Causou espécie e repúdio por parte da sociedade civil organizada e de boa parte da classe média a aprovação na noite da última terça-feira, 13 de junho, do Projeto de Lei (PL) 2720 de 2023 - que estabelece previsão penal de dois anos e quatro meses para todos aqueles que negarem “a celebração ou a manutenção de contrato de abertura de conta corrente, concessão de crédito ou de outro serviço, a qualquer pessoa física ou jurídica, regularmente inscrita na Receita Federal do Brasil, em razão da condição de pessoa politicamente exposta ou de pessoa que esteja respondendo a investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, ou de pessoa que figure na posição de parte ré de processo judicial em curso”.

     

    Tempo recorde

    Apresentado no dia 22 de maio pela deputada Dani Cunha (UB-RJ) filha do ex-todo-poderoso da Câmara, Eduardo Cunha (ex-MDB), o projeto foi a voto diretamente no plenário da “Casa do Povo” após a própria autora requerer tramitação de urgência no último dia 6 de junho. A urgência foi aprovada em votação simbólica no início da sessão deliberativa da última terça. Já o mérito da proposta foi aprovado por 252 deputados e rejeitado por 163 parlamentares.

     

    Alhos com bugalhos

    A aprovação da matéria uniu 37 deputados bolsonaristas do PL e 54 petistas, assim como unificou os parlamentares antagônicos do Novo e do PSOL pela rejeição da iniciativa. Dizem às más línguas que a apreciação da proposição foi uma forma de selar a paz entre a bancada do PT com o pai da deputada Dani Cunha, Eduardo Cunha, principal algoz de Dilma Rousseff e do partido nos anos de 2015 e 2016, que resultaram no golpimpeachment da ex-presidenta.

     

    Inversão de valores

    Ao contrário de 54 dos 66 deputados federais petistas, o senador e líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), espinafrou a proposta aprovada pela quase maioria da Câmara. Segundo ele, a iniciativa inverte valores e demonstrou que parte da “Casa do Povo” dando às costas ao povo, “legislou em causa própria”. “Os defensores da proposta se ressentem de ‘discriminação’ pela condição política, mas deveriam, em revés, refletir sobre as causas do fenômeno: se o fizessem, certamente evitariam esse papelão. O ‘racismo contra político’ é uma estultice que só faz sentido às mentes mais cínicas”.

     

    Novo regimento

    A proposta de Dani Cunha, chamada de “estultice” pelo líder petista no Senado, só conseguiu ser considerada aprovada pela “maioria dos deputados”, quando na verdade faltaram cinco votos para se alcançar a maioria absoluta da Casa em virtude do “novo regimento interno” que passou a valer em 2021, quando o país contabilizava, em 2021, aos montes às mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus. Por esse novo regimento interno, é considerada maioria aquela auferida pelo resultado da votação.

     

    E por falar

    E por falar em Eduardo Cunha, eis que o ex-todo-poderoso presidente da Câmara está no âmago da briga política que vem agitando os bastidores de Brasília. Integrante do União Brasil por meio de sua filha, ambos já estão de malas prontas para os Republicanos do bispo Edir Macedo, que recentemente acolheu e filiou o prefeito de Belford Roxo na baixada fluminense, Waguinho, esposo da ainda ministra do Turismo - Daniela Carneiro, que se intitula em seu nome político como a Dani do Waguinho. O cargo de Daniela, garantem alguns, passará a ser na próxima semana do deputado Celso Sabino (UB-PA), muito ligado ao líder do União Brasil (ex-DEM e antigo PFL), Elmar Nascimento; ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e, inclusive, ao ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG). Todos que já foram umbilicalmente ligados a Eduardo Cunha.

     

    Do Val

    A semana política terminou com a Polícia Federal (PF) cumprindo diligência nos endereços do senador napoleônico capixaba Marcos do Val (Podemos) na tarde desta última quinta-feira, 15 de junho, incluindo o gabinete que ele possui no Senado Federal. O objetivo da PF foi recolher celulares, computadores e demais documentos que comprovam a ligação deste parlamentar com a teia golpista que tentou findar o processo democrático e o Estado de Direito em favor de um novo regime ditatorial que teria como maior beneficiário o clã Bolsonaro.

     

    Provocador

    Após a PF ter cumprido a diligência em seus endereços, o sui generis “do Val” concedeu entrevistas para alguns veículos de imprensa provocando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que neste momento decidiu não recolher o elemento preventivamente para o andamento das investigações. Acusando e “indo para cima” de Xandão, como a ala bolsonarista mais radical gosta de chamar o ministro do Supremo, “do Val” disse que vai pensar se cumpre, ou não, a sentença que o ordenou comparecer à PF na próxima semana para depor sobre as acusações que lhe caem sobre fazer parte da teia golpista e divulgar documentos de inteligência secretos e sigilosos.

     

    Calmaria na economia

    Apesar do ambiente tumultuado na política, graças a polarização que tomou conta do país desde 2013 e se acirrou no último quadriênio, a atual gestão federal tem conseguido preservar a economia brasileira que vem dando sinais de plena recuperação. Além do PIB do último trimestre ter alcançado índices positivos que quase ninguém esperava, da inflação controlada, da cotação do dólar em queda, o país conquistou nesta quinta - pela primeira vez desde 2019 - a elevação da nota concedida pela “agência S&P”, de estável para positiva.


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