( Publicada originalmente às 20h 12 do dia 29/05/2019) 

(Brasília-DF, 30/05/2019) O líder do PSB no Senado, Jorge Kajuru (GO), repudiou nesta quarta-feira, 29, a decisão do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que repercutindo uma notícia da revista “Veja” proibiu o uso da palavra “centrão” nos meios comunicação oficiais da Casa.

De acordo com a publicação da revista “Veja”, em circular da direção de jornalismo da Câmara orientou os profissionais vinculados à Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Câmara a não usarem a expressão “centrão” usualmente utilizada para definir os parlamentares de várias legendas que se reúnem atualmente em torno de Rodrigo Maia.

Seriam os partidos ligados ao “centrão” os parlamentares do Democratas, Progressistas – antigo PP, PTB, PL – antigo PR, PSD, PRB e SD. Partidos como o MDB e PSDB eventualmente tem se aliado a esse grupo. Esse grupo representa 261 deputados ao todo. Na última terça-feira, 28, o presidente nacional dos Democratas – o prefeito soteropolitano ACM Neto declarou que o partido “nunca foi centrão”. Um dos maiores articuladores do bloco, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), também já afirmou que nem ele, nem seus liderados, participam de nenhum “centrão”.

ORIENTAÇÃO

Segundo a circular, o termo é usado “pejorativamente para designar alguns partidos que poderiam ou não entrar na base do governo” do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “A expressão virou um carimbo que em boa medida coloca no mesmo saco fisiológico prerrogativas legítimas dos deputados – como a liberação de emendas parlamentares, por exemplo”, diz o trecho final do encaminhamento da direção jornalismo da Câmara.

Procurado pela reportagem, o secretário de Comunicação Social da Câmara, deputado Fabio Schiochet (PSL-SC) não retornou o contato. A assessoria de imprensa da Câmara confirmou a “orientação editorial encaminhada à área jornalística da Secom – acerca da inadequação do uso do termo ‘centrão’ para designar um grupo de partidos.

RESPALDO

De acordo com assessoria de imprensa da Câmara a decisão “encontra respaldo nas determinações contidas no manual de redação do órgão”. “No capítulo que trata de ‘estilo’, o verbete ‘apelidos’ estabelece: a matéria-prima com que os veículos da Secom trabalham é a atividade legislativa da Casa e dos parlamentares que nela têm assento, sem adjetivos, sem termos que incorporem posições preconcebidas”, argumenta a assessoria da Câmara.

E, desta forma, “não devem ser empregadas expressões pejorativas ou que incorporem juízos de valor. Igualmente, devem ser evitados, sempre que possível, nomes que simplifiquem de forma imprecisa uma proposta ou um grupo de parlamentares”, completou.

Entretanto, a assessoria de Rodrigo Maia acredita que o presidente da Câmara não irá comentar a decisão da direção de jornalismo da Casa vinculada a Secom. “Não há relação alguma com o presidente”, informou a assessoria de Maia.

LIBERDADE DE IMPRENSA

Assim, Kajuru disparou contra a decisão dos deputados.

“Embora o nosso ex-senador Wellington Salgado de Oliveira (MDB-MG) esteja me pedindo calma aqui, eu vou tentar ter calma. Presidente, são dois repúdios importantes, e tenho certeza de que o senador Omar [Azizz, PSD-AM] e outros aqui vão me acompanhar. O primeiro. Falou-se aqui em Código Florestal por parte do outro lado do quarteirão, de quem recuso falar até o nome de seu presidente, pois eu o abomino. Ele acaba de decidir o seguinte: a Câmara proíbe o uso da expressão ‘centrão’ no rádio, na TV e na Agência” de notícias daquela Casa.

“[Isso] é liberdade de expressão, até porque a TV Senado usa o slogan: ‘democracia todo dia’. Que democracia é esta em que a Câmara proíbe o uso da expressão centrão? Logo hoje que o senador Rogério Carvalho, do PT, nos fez rir, convidando o senador Major Olímpio para se filiar a centro-direita do PT”, completou o socialista.

CENSURA

Kajuru repudiou também a decisão da Rádio Jovem Pam de censurar o jornalista e historiador Marco Antônio Villa.

“Ele foi tirado do ar com um documento dizendo ‘não precisamos do seu trabalho por 30 dias’. Isso é censura, num país em que o pilar da democracia é a liberdade de imprensa. Portanto, são esses dois repúdios, especialmente esse à Câmara de proibir a rádio, a TV e a Agência Câmara de usarem a expressão centrão”, falou.

“Tomara, que ele não peça para o senhor [Davi Alcolumbre, DEM-AP] proibir a gente aqui, porque eu vou falar centrão toda hora, vou gritar centrão toda hora, vou dizer que o centrão está mandando neste governo e vou dizer que o centrão está negociando a reforma da previdência”, finalizou Kajuru.

(por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)