( Publicada originalmente às 21h 32 do dia 04/04/2019) 

(Brasília-DF, 05/04/2019) O ex-senador e presidente nacional do MDB, Romero Jucá, afirmou no final da tarde desta quinta-feira, 4, que o partido não discute com o presidente Jair Bolsonaro “ser, ou não, ser base” do governo. Segundo ele, essa discussão foi superada pelas eleições de 2018 e que agora é necessária uma “nova modelagem” para que as relações institucionais entre os poderes Executivo e Legislativo aconteçam de forma harmônica e independente.

Ele fez a afirmação assim que saiu do encontro com o presidente brasileiro e com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que aconteceu no Palácio do Planalto. Hoje, foi o dia em que Bolsonaro, do PSL, recebeu seis presidentes de partidos (DEM, MDB, Progressistas, PRB, PSD e PSDB) que juntos possuem 196 deputados federais e 43 senadores. A principal pauta desses encontros foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/19, que tenta estabelecer uma “Nova Previdência”.

“Nós do MDB consideramos uma conversa positiva. É muito importante haver diálogo na política. O presidente estendeu a mão. O MDB é do diálogo. Tem compromisso com o país e nós conversamos [sobre] algumas questões importantes. A primeira delas foi propor ao governo uma agenda econômica e social. O MDB não quer cargos, ministérios, não quer nada”, disse sem lembrar que o atual ministro da Cidadania, Osmar Terra, é um deputado federal emedebista.

Jucá disse que o partido não interessa ser base do governo mas quer ajudar na agenda para o Brasil

“O que nós queremos é construir uma agenda que faça com que o partido possa votar e com o governo sabendo da nossa posição, da nossa contribuição e o povo sabendo a posição do MDB de construir um Brasil melhor. É preciso construir uma nova modelagem na relação política. Porque a modelagem anterior foi vencida pelas urnas e nós temos que ter uma nova modelagem. E o MDB entende que o início desta modelagem é ter agendas entre o governo e os partidos políticos para balizarem votações”, complementou.

BASE

Sobre a posição de independência que o partido exerce no Congresso Nacional, Jucá afirmou essa discussão não cabe mais. Segundo ele, hoje não importa se é base, ou não. “Essa questão de ser, ou não, ser base é uma questão passada”, garantiu.

“A discussão agora é temática, é por projeto, por leis, por dispositivos, é por melhorar as condições do povo brasileiro. O nosso compromisso é por uma agenda econômica e social, pela criação de empregos, pela responsabilidade fiscal”, completou.

PREVIDÊNCIA

Sobre o debate em torno da PEC 06/19 que reforma o sistema previdenciário nacional, o principal dirigente emedebista afirmou que este tema só se tornou necessário porque o governo do ex-presidente Michel Temer, do MDB, trouxe essa “responsabilidade”. Mas falou que alguns pontos como regime de capitalização proposto não estão claros.

“Nós somos favoráveis a uma reforma, com a construção de uma nova previdência, agora questões específicas serão discutidas. O Benefício de Prestação Continuada nós não concordamos com a forma que está. A questão da aposentadoria rural, não concordamos do jeito que está”, comentou.

“A questão da capitalização, o modelo não está claro. Não é possível pedir capitalização para quem ganha um ou dois salários mínimos. Isso não está ajustado e tem que ser discutido com mais profundidade. O MDB não se furtará em discutir qualquer tema com profundidade”, encerrou.

(por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)