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Nordestinas
  • 07/03/2019 07h45

    BOLSONARO SE COMPLICA: Após divulgação de vídeo pornográfico, impeachment repercute entre internautas; jurista diz que caso pode, sim, ser motivo de afastamento

    Políticos também repercutiram mensagem do presidente; o líder do PPS disse que o presidente precisa começar a governar; Flávio Dino comentou que “pessoas sem noção do cargo se ocupam em difamar a maior festa popular do Brasil”
    Foto: Foco Regional

    Jair Bolsonaro se complica após postagem polêmica e com tema pornográfico

    ( Publicada originalmente às 17h 12 do dia 06/03/2019) 

    (Brasília-DF, 07/03/2019) Após o presidente Jair Bolsonaro ter divulgado em sua conta no Twitter um vídeo com cenas explícitas de pornografia, a “hashtag #impeachment” passou a repercutir, de imediato, o pedido de afastamento do presidente brasileiro entre os internautas. O jurista Miguel Reale Jr. disse que o caso pode, sim, ser motivo para afastá-lo da Presidência da República.

    Na postagem feita por volta das 18 horas desta última terça-feira, 05, Bolsonaro afirmou que faria a postagem mesmo não se sentido “confortável” em fazê-la. Entretanto, vendo a necessidade de “expor a verdade para a população” diz que o vídeo compartilhado resume o “que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”. Muitos blocos usaram o carnaval para achincalhar a figura do presidente.

    A partir de então, uma enxurrada de mensagens com a “hashtag #ImpeachmentBolsonaro” foi o tema mais comentado nas redes sociais. A maioria dos internautas usou o espaço para dizer que a publicação de Bolsonaro atentava contra o decoro, um dos elementos fundamentais para o exercício no serviço público. E que poderia ser enquadrado com crime de responsabilidade e contra a probidade administrativa.

    Na mesma linha, Miguel Reale Jr. que foi um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), declarou em entrevista ao jornal “O Globo” que o vídeo postado por Bolsonaro pode, sim, ser enquadrado como crime de responsabilidade.

    “O que eu destaco é a absoluta desnecessidade de enviar este vídeo abjeto ao povo brasileiro para denunciar algo que tinha sido visto, previamente, por algumas centenas de pessoas. Um auxiliar, reservadamente, poderia fazer isso junto à autoridade policial”, afirmou o jurista.

    “Com a divulgação, ele deu exposição a um fato restrito, sem nenhuma necessidade: ou seja, ampliou o ato. Algo que seria visto por algumas pessoas foi visto pelo Brasil inteiro. Não existem dois Jair, o que está no Twitter e o que está no Planalto. É uma coisa só”, complementou Reale Jr.

    O assunto também chegou a ser um dos mais comentados em outros países com hashtag “golden shower” (chuva dourada).

    Marina Silva criticou duramente a postagem de Jair Bolsonaro( Foto: Diário dos Campos)

    DEPLORÁVEL

    A ex-senadora, ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva, disse que a postagem do presidente Jair Bolsonaro era deplorável e uma indignidade.

    “A cena é vulgar e deplorável. O vídeo compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro é obsceno e escatológico, denuncia sua falta de compostura e rebaixa o cargo da Presidência da República. É uma indignidade!

    POSTURA INADEQUADA

    O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), um dos mais ácidos e críticos ao governo Bolsonaro, retuitou a mensagem do jornalista esportivo e influenciador digital Antero Greco que afirmou que a postagem era totalmente “inadequada” para um chefe de Estado e de governo.

    “Vi um vídeo altamente inadequado postado em redes sociais por um... chefe de Estado! Alguém com cargo dessa envergadura deveria ter cuidado com o que posta – ou pedir mais bom senso para assessores ou de quem cuida da [sua] conta na hora de publicarem certas cenas”, escreveu Greco na mensagem compartilhada por Dino.

    O governador maranhense postou também um vídeo em que foliões cadeirantes comemoravam o carnaval no estado.

    “Enquanto pessoas sem noção do cargo que ocupam se dedicam a difamar a maior festa popular do Brasil, faço questão de mostrar o que buscamos com o carnaval do Maranhão. Beleza e preocupação com a justiça social”, emendou.

    ACABOU A CAMPANHA

    O líder do PPS na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE), que o país exige de seu governante compromissos que vão além do mundo virtual. Ele pediu, ainda, que Bolsonaro “abandone de vez o papel de candidato em campanha e comece a governar”.

    “O Brasil não pode ser guiado por hastags e algoritmos de internet. A comunicação do governo rende as polêmicas que dão engajamento, sem o filtro da responsabilidade que exige o cargo, enquanto ignora o debate sobre a previdência. O presidente tem que sair da campanha e governar”, cobrou o parlamentar pernambucano.

    O presidente nacional do PPS, o pernambucano Roberto Freire, disse que a postagem feita pelo presidente foi “um verdadeiro despautério”.

    Roberto Freire considerou postagem um despautério( Foto: select.art.br) 

    “A veiculação de um vídeo de caráter pornográfico por um Presidente da República não tem nenhuma justificativa. É apenas ato de um despreparado e sem dimensão do cargo que ocupa. Lamentável”, vociferou.

    PATÉTICO

    Já o oposicionista e líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) afirmou que o presidente era “patético”. “Bolsonaro não está à altura do cargo que ocupa. Medíocre e patético, ele demonstra cada vez mais o seu despreparo, envergonhando os brasileiros”, disparou.

    A também oposicionista Lídice da Mata (PSB-BA) lamentou que Bolsonaro ainda não tenha entendido o que é ser presidente da República. “[Ele] age como um deputado [do] baixo clero, daqueles que a gente evita até cumprimentar no Salão Verde”, falou.

    O governador da Bahia, Rui Costa (PT), postou apenas uma mensagem de apoio a cantora baiana Daniela Mercury que polemizou com o presidente Bolsonaro quanto ao uso dos recursos da Lei Rouanet. “Está proibido o Carnaval? De jeito nenhum! [Acompanhando] Daniela Mercury sacudindo a avenida no Campo Grande”, destacou.

    INSANO

    O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), lamentou que todos os principais subordinados do presidente Bolsonaro sabiam quem ele era desde o início.

    “Moro, Mourão, Paulo Guedes, Globo, todos sabiam quem era Bolsonaro. Sabiam dos envolvimentos da sua família com milicianos e o crime organizado. Mesmo assim preferiram jogar o país nas mãos desde insano para impedir a vitória de Fernando Haddad. O ódio venceu a esperança em 2018”, comentou.

    ESTRATÉGIA

    O candidato do PSOL à presidência em 2018, Gilherme Boulos, considerou a publicação polêmica de Bolsonaro nas redes sociais como sendo uma estratégia para fugir dos debates dos temas centrais do governo como a reforma no sistema previdenciário.

    “Com o caso do ‘golden shower’, Bolsonaro quer desvirtuar o debate público da maneira mais cínica e rebaixada. A grande questão deste carnaval é que sua popularidade vem caindo com rapidez, fruto de um governo sem rumo, corrupto e de um projeto indecente de Reforma da Previdência”, comentou.

    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)


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