• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 18 de abril de 2024 19:40:25
Nordestinas
  • 01/03/2019 06h59

    EDUCAÇÃO: “Os ventos que sopram no Nordeste são muito favoráveis à construção de uma educação de qualidade”, diz presidente da Ubes, o potiguar Pedro Gorki

    Em entrevista a Política Real, principal dirigente do ensino secundarista afirma que pauta de costumes sobre a educação visa encobrir o projeto do governo em privatizar o setor
    Foto: facebook de Pedro Gorki

    Jovem Pedro Gorki fez manifestação quando Vélez foi ao Senado

    ( Publicada originalmente às 17h 00 do dia 28/02/2019) 

    ( reeditado) 

    (Brasília-DF, 01/03/2019) O presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), o potiguar Pedro Gorki, 18 anos, afirmou em entrevista exclusiva à reportagem da Política Real que a região Nordeste será fundamental para que o país possa melhorar os índices que medem a qualidade do ensino público.

    Segundo ele, “os ventos que sopram no Nordeste são muito favoráveis à construção de uma educação de qualidade”. A declaração ocorreu quando perguntado sobre a expectativa do governo de Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte. Ele disse que os governos nordestinos serão um contraponto das orientações do governo federal para a área.

    Gorki, que é estudante do curso técnico de Lazer do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), afirma que a pauta de costumes defendida pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez, é apenas uma “cortina de fumaça” que busca encobrir o projeto do governo em privatizar o setor.

    A entrevista exclusiva foi concedida na última terça-feira, 26, após a audiência pública realizada pela Comissão de Educação do Senado Federal que recebeu a visita de Ricardo Vélez para que ele expusesse suas metas à frente do ministério. Na oportunidade, duas estudantes da Ubes realizaram um protesto ao se amordaçarem enquanto o ministro falava. A entidade entende que o governo federal pretende “amordaçar” estudantes e professores.

    Política Real: Qual é a pauta de vocês, porque do protesto que fizeram na audiência do ministro Vélez na comissão de Educação do Senado?

    Pedro Gorki: A gente veio vislumbrar um pouco mais as propostas do governo Bolsonaro para a educação. Afinal o ministro parece um curupira. Anda voltando atrás nas várias decisões com relação [ao programa] Universidade para Todos e na própria questão da carta [divulgada às escolas pedindo filmagens de alunos cantando o hino nacional e entoando o slogan da campanha eleitoral do presidente Bolsonaro]. Fala e ‘desfala’, assim como o presidente que ainda acha que está no palanque. E, além disso fazer contraposição, a boa parte das já existentes e divulgadas na campanha eleitoral como a escola sem partido, educação domiciliar [home school], ensino fundamental à distância, como a própria carta que foi enviada recentemente. Porque nós do movimento estudantil temos que fazer uma defesa intransigente incondicional da Constituição de 88, que é a Carta Magna do povo brasileiro. E no momento em que o ministro da Educação fala que educação não tem que ser para todo mundo, ele fere diretamente o artigo 205 que traz que educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família. No momento em que se tenta colocar a escola sem partido, proposta máxima do governo Bolsonaro para a educação, isso fere o artigo 206 que estabelece a pluralidade de ideias, autonomia universitária, autonomia pedagógica e liberdade de cátedra. Então nós viemos para defender a Constituição, os estudantes e, especialmente, para saber o nosso futuro e defender a continuação de uma educação pública, gratuita e de qualidade.

     

    Política Real: E como você avalia as explanações do ministro e os seus planos para a educação?

    Pedro Gorki: O ministro fugiu muito das perguntas dos senadores e deputados presentes. Fugiu, por exemplo, da questão do Mais Médicos que, enfim, está sendo enterrado.

    O que me aparenta, não só nesta audiência, mas também em todo o decorrer, desde a primeira carta em que ele enviou aos brasileiros quando foi indicado para ser ministro da Educação; ele demonstra um verdadeiro desconhecimento o que é prioridade para a educação pública brasileira. Porque achar que a prioridade do Ministério da Educação é gravar os estudantes cantando o hino nacional, repetindo o slogan político do presidente eleito, fazendo da [disciplina] moral e cívica em detrimento dos dados que nos apresentam 11,8 milhões de pessoas analfabetas e dos 40% de jovens que entram no ensino médio e que não saem formados, é realmente tirar do foco do que é necessário para a educação pública brasileira. Que o problema não é doutrinação ou questão de aparência. O problema é real.

    O problema é a goteira no teto da sala de aula, é a quadra que é fechada  porque não houve manutenção, é uma biblioteca que não tem livros, é um professor que não vai para a sala de aula porque não tem o salário pago. Existem problemas muito mais concretos e mais reais que são evitados no debate.  Eu tenho a impressão, na verdade, é que essas pautas identitárias e de costumes para cima da educação são, inclusive, cortinas de fumaça para se construir um projeto que é o de tirar o caráter público, gratuito e universal da educação.

    Porque eu acho que a melhor forma que tem para atacar a educação pública e conseguir privatizar a educação, é justamente fazer com que a escola não tenha sentido para o seu povo. Então, fazer estas pautas que são irrelevantes para a educação vem justamente no sentido de tirar o que a escola tem para o brasileiro e para a construção do nosso país para que ela seja privatizada, assim como foi no Chile e em vários países que são referências educacionais para este governo. O que essa audiência e as posturas do ministro mostra é ,realmente,  um desconhecimento do que é a educação pública brasileira.

     

    Política Real: Como você é do RN, qual é a sua expectativa para a gestão da governadora Fátima Bezerra à frente do governo potiguar?

    Pedro Gorki: Eu acho que os ventos que sopram no Nordeste são ventos muito esperançosos. A gente vê o estado do Maranhão com a ampliação da escola viva na alfabetização do povo. Em levar a escola onde não tem. Com a construção de mais de 40 escolas integrais. A gente vê o estado do Piauí e do Ceará com a melhor educação pública brasileira.

    A gente vê, agora, no Rio Grande do Norte dando bons passos no sentido de buscar a excelência educacional. Então, os ventos que sopram no Nordeste são muito favoráveis à construção de uma educação de qualidade. Eu acho que a postura que tem os governadores do Nordeste nos próximos períodos é de fazer, com certeza, uma interlocução com o governo federal, que é necessária. O Bolsonaro não é só o presidente daqueles que o elegeram, mas de todos. Ele tem que saber isso.

    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)

     


Vídeos
publicidade