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Nordestinas
  • 21/05/2012 19h06

    Nordeste e CPI. Collor volta a criticar a “Veja” e insiste no depoimento do jornalista que teria ligação com Cachoeira

    Senador alagoano voltou a chamar o proprietário da “Veja”, Roberto Civita, de “capodecina”, palavra italiana que se refere ao chefe dos mafiosos

     

    (Brasília-DF, 21/05/2012) O senador Fernando Collor (PTB-AL) voltou a criticar a revista “Veja” -  insiste no depoimento do jornalista Policarpo Jr. e do proprietário da Editora Abril, Roberto Civita, que teriam ligações com o empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, acusado de comandar um esquema de corrupção para promover jogos ilegais em Brasília e Goiás, além de outras atividades ilícitas.
     
    A insistência do senador alagoano em criticar a revista e levar o proprietário da editora que a publica, além de um repórter do veículo, voltou a ser tema de um discurso dele pronunciado no dia de hoje, das 14h54 às 15h09, na tribuna do plenário do Senado. Collor acusou a “Veja”, irmanada a outros grupos de comunicação, de querer passar para a sociedade que o pedido de comparecimento deles a “CPI do Cachoeira” seria uma tentativa de cerceamento à liberdade de imprensa.
     
    “Está em curso mais uma tentativa de manipulação da opinião pública. Desta feita, a indução é fazer a sociedade acreditar que há uma campanha de cerceamento à liberdade de imprensa e de controle dos meios de comunicação, simplesmente por se tentar investigar as relações da revista Veja com o crime organizado e de se ouvir o Sr. Policarpo Júnior e o Sr. Roberto Civita numa CPI, disse.
     
    Para ele, a tese levantada pela Editora Abril, em conjunto com alguns outros veículos de imprensa, soa como retrógado.
     
    “Nada mais retrógado, dissimulado e miasmático do que a velha e conhecida tática de desviar o foco do debate para encobrir a realidade. O fato é que há fortes indícios de que a revista Veja, depois de passar, nas últimas três décadas, por um nítido processo de mudança na sua linha editorial e de substituição e decadência qualitativa de seus principais redatores-chefes, vem há quase dez anos mantendo escusas e suspeitas relações com uma organização criminosa, por meio de troca de informações, por meio de troca de favores, por meio de tráfico de influência”,destaca.
     
    E falou mais.
     
    “Trata-se de uma verdadeira coabitação perniciosa que extrapola – e isto é que precisa ficar claro – uma mera relação jornalista-fonte. Investigar essa coabitação – e isto também precisa ficar claro – não tem nada a ver com cerceamento à liberdade de imprensa. Falamos de crimes e não de ferir a livre manifestação. O que se tenta, agora, entrincheirando-se no sigilo da fonte e na falsa ameaça à liberdade de imprensa, é manipular a opinião alheia, é distorcer a realidade, é desviar o foco para que a verdade não venha à tona”, disparou.
     
    E Collor foi além.
     
    “Se antes o método rasteiro desse veículo era uma marca, agora a marca da suspeição passou a ser o seu método. A verdade é que se trata de uma revista em que seu editor, Sr. Roberto Civita, encarna a figura do próprio departamento comercial. Uma revista que se especializou em fazer vítimas, criar vilões em nome do suposto interesse público e que passou a viver do lobby editorial para beneficiar outros grupos e da necessidade de fabricar escândalos”.
     
    E ironizando o principal foco de apuração da CPI do Cachoeira, o senador petebista afirmou que as práticas do semanário é “uma política voltada para ser um autêntico cassino, uma verdadeira sala de bingo, onde suas seções são usadas como máquinas de caça-níqueis”.
     
    Para ele, “essa revista foi capaz de reunir numa mesma equipe, nos últimos anos, confrades que se dedicam em transformar falsificadores de dossiês em vítimas de achacadores. E pior, utilizam-se de chantagens e meios truculentos contra os críticos da revista, mesmo que ex-colegas de redação, com ameaças por meio de dossiês forjados ou inexistentes. Esse é o modus operandi editorial da revista, sempre com o olhar para o comercial, o lucro da revista, sempre com o olhar temperado pela represália, pela destruição de reputações”.
     
    E, ainda, complementou.
     
    “Um meio que faz uso de um radar suspeitíssimo para jogar holofote em personagens e depois destruí-los, num jogo de sobe e desce, que visa apenas a fazer o veículo estar entre os mais vendidos. Indiscriminadamente, esse grupo privilegia ou desmoraliza de escritores a cantores, de empresários a banqueiros, de delegados a juízes, de publicitários a até mesmo outros jornalistas. Não é de hoje que venho denunciando fatos, personagens e atitudes comandadas pelo Sr. Roberto Civita, o capodecina (termo italiano que refere-se ao chefe dos mafiosos), e seu capo em Brasília, Sr. Policarpo Júnior”.
     
    Abaixo a Agência Política Real disponibiliza a íntegra do pronunciamento do senador Collor.
     
     
     
     
    (por Humberto Azevedo, especial para Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)
     
     
     
     
    Íntegra do pronunciamento do senador Collor
     
    “O SR. FERNANDO COLLOR (Bloco/PTB – AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srªs Presidentas Vanessa Grazziotin e Ana Amélia, que presidem esta sessão na tarde de hoje; Srªs e Srs. Senadores, está em curso mais uma tentativa de manipulação da opinião pública. Desta feita, a indução é fazer a sociedade acreditar que há uma campanha de cerceamento à liberdade de imprensa e de controle dos meios de comunicação, simplesmente por se tentar investigar as relações da revista Veja com o crime organizado e se ouvir o Sr. Policarpo Júnior e o Sr. Roberto Civita numa CPI. Nada mais retrógado, dissimulado e miasmático do que a velha e conhecida tática de desviar o foco do debate para encobrir a realidade.
     
    O fato é que há fortes indícios de que a revista Veja, depois de passar, nas últimas três décadas, por um nítido processo de mudança na sua linha editorial e de substituição e decadência qualitativa de seus principais redatores-chefes, vem há quase dez anos mantendo escusas e suspeitas relações com uma organização criminosa, por meio de troca de informações, por meio de troca de favores, por meio de tráfico de influência. Trata-se de uma verdadeira coabitação perniciosa que extrapola – e isto é que precisa ficar claro – uma mera relação jornalista-fonte. Investigar essa coabitação – e isto também precisa ficar claro – não tem nada a ver com cerceamento à liberdade de imprensa. Falamos de crimes, Srª Presidenta, e não de ferir a livre manifestação. O que se tenta, agora, entrincheirando-se no sigilo da fonte e na falsa ameaça à liberdade de imprensa, é manipular a opinião alheia, é distorcer a realidade, é desviar o foco para que a verdade não venha à tona. Se antes o método rasteiro desse veículo era uma marca, agora a marca da suspeição passou a ser o seu método.
     
    A verdade, Srª Presidenta, é que se trata de uma revista em que seu editor, Sr. Roberto Civita, encarna a figura do próprio departamento comercial. Uma revista que se especializou em fazer vítimas, criar vilões em nome do suposto interesse público e que passou a viver do lobby editorial para beneficiar outros grupos e da necessidade de fabricar escândalos. Enfim, uma política voltada para ser um autêntico cassino, uma verdadeira sala de bingo, onde suas seções são usadas como máquinas de caça-níqueis. Um meio que faz uso de um radar suspeitíssimo para jogar holofote em personagens e depois destruí-los, num jogo de sobe e desce, que visa apenas a fazer o veículo estar entre os mais vendidos. Indiscriminadamente, esse grupo privilegia ou desmoraliza de escritores a cantores, de empresários a banqueiros, de delegados a juízes, de publicitários a até mesmo outros jornalistas. Não é de hoje que venho denunciando fatos, personagens e atitudes comandadas pelo Sr. Roberto Civita, o capodecina, e seu capo em Brasília, Sr. Policarpo Júnior.
     
    Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, essa revista foi capaz de reunir numa mesma equipe, nos últimos anos, confrades que se dedicam em transformar falsificadores de dossiês em vítimas de achacadores. E pior, utilizam-se de chantagens e meios truculentos contra os críticos da revista, mesmo que ex-colegas de redação, com ameaças por meio de dossiês forjados ou inexistentes. Esse é o modus operandi editorial da revista, sempre com o olhar para o comercial, o lucro da revista, sempre com o olhar temperado pela represália, pela destruição de reputações.
     
    Tenho ouvido, Srª Presidenta, aqui mesmo desta Casa, que “fonte jornalística pode ser Deus ou o demônio”. Contudo, é inaceitável se proteger em nome do demônio, testemunhar a seu favor e, sob o manto do sigilo da fonte, usá-lo como escudo para se proteger e esconder seus negócios obscuros.
     
    O Sr. Policarpo Júnior, vezeiro em encontros no Parque da Cidade, aqui em Brasília – é o local preferido dele para escusos encontros, diferentemente do restante da população, que utiliza o parque para o seu lazer –, não usa demônios apenas como fonte. Pelo contrário, com aquiescência de seu patrão, Sr. Roberto Civita, antecipa-se à ação, planeja com a fonte as informações a serem obtidas, presta-se a ser uma peça passiva em atos supostamente ilegais. E é isso que precisa ser investigado, já que tudo indica que esse esquema é uma das teias mais intrincadas, sofisticadas e importantes da rede supostamente criminosa montada pelo Sr. Carlos Cachoeira. Repito: nada tem a ver com restringir liberdade de imprensa, com o direito à informação ou com a prestação de serviço público.
     
    Volto a lembrar ainda que, em outras épocas, o próprio Sr. Policarpo Júnior teve participação na CPI da Loterj da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em 2004, e no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em 2005, quando, nessa ocasião, testemunhou a favor do Sr. Carlos Cachoeira. Ninguém, na ocasião, alegou o atentado à livre imprensa. Por que então, agora, todo esse alvoroço? Por que toda essa excitação? Ao contrário do que alegam, acho que a CPMI pode ser oportuna para o já citado jornalista e o Sr. Roberto Civita tentarem convencer de que, como alegam, tudo não passa de uma relação típica da lide jornalística. Para isso, tanto quanto um requerimento aprovado, basta que eles se ofereçam aqui para se apresentarem. Por que não?
     
    Aliás, Srª Presidenta, sobre a política editorial desse semanário, seus métodos e seus recalcitrantes apoiadores, sempre respaldados pelo manto da liberdade de imprensa, vale a pena reproduzir as palavras de experientes jornalistas que não se deixam levar por métodos e truques desse gênero de revista.
     
    Afirma, por exemplo, o jornalista Luis Nassif:
     
    Passou o tempo de tratar falsos depoimentos, incriminações indevidas, denúncias vazias, deturpações e mentiras como simples efeitos colaterais da liberdade de imprensa. A integridade moral dos indivíduos e o interesse coletivo são protegidos por leis que estão acima de couraças retóricas. (...) Trata-se de esclarecer o uso antiético e quiçá ilegal da grande imprensa para favorecer determinadas facções corporativas ou políticas."
     
     
     
     
    Sobre a coabitação entre jornalista e fonte, o jornalista Luis Nassif assevera:
     
    Ê uma aliança espúria, porque o leitor toma contato com os grampos e dossiês divulgados. Mas, na outra ponta, a publicação fortalece o achacador em suas investidas futuras. (...) E fica-se sem saber sobre as chantagens bem sucedidas,, as que não precisam chegar às páginas de jornais. Por ser um terreno minado, publicações sérias precisam definir regras claras de convivência com esse mundo do crime. A principal é o jornalista assegurar que material recebido será publicado – e não utilizado como elemento de chantagem.
     
     
     
     
    Já Alberto Dines, outro conhecido jornalista, segue na mesma linha.
     
    Diz ele:
     
     
     
     
    O atual ciclo de denúncias não chega a ser uma analogia de jornalismo, mas é uma preocupante coleção de mazelas jornalísticas. Busca-se a credibilidade, mas poucos oferecem transparência, pretende-se a moralização da vida pública, mas os bastidores da imprensa continuam imersos na sombra.
     
     
     
     
    Ainda sobre o tema, Srª Presidenta, Tomás Barreiros, mestre em Comunicação e Linguagens e Professor de Jornalismo do UnicenP, Centro Universitário Positivo, de Curitiba (PR), em seu trabalho “Jornalismo e Opinião”, de 2005, assim se manifesta: “Formadora de opinião, a imprensa pode manipular as notícias de acordo com a opinião que queira formar no leitor, E existem diversos modos pelos quais a mídia impressa pode induzir a opinião dos leitores".
     
    Mais adiante, acrescenta ele: "A imprensa tem abusado de seu poder de manipulação para criar heróis ou bandidos. Os ataques nada isentos, sem provas – mas não sem consequências –, são uma prova do poder de manipulação".
     
    E conclui: "Ora, a opinião dissimulada pode mais facilmente influenciar os incautos. O que se deve evitar num jornalismo ético não é a ausência da opinião, mas a dissimulação dela".
     
    Sr. Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, a mesma celeuma criou-se com o requerimento de convocação do Procurador-Geral da República, Sr. Roberto Gurgel. Alguns foram lhe acudir, mas até agora ninguém explicou o porquê de ele e a Subprocuradora Cláudia Sampaio Marques não terem tomado qualquer providência quanto ao inquérito da Operação Vegas. Há quem afirme – com base nos Códigos Penal e de Processo Penal; na Lei n° 1.079, de 1950, uma lei ressurrecta; na Lei Complementar n° 75, de 1993; na Lei n° 8.625, também de 1993; e nas Resoluções n°s 13, de 2006, e 77, de 2011, do Conselho Nacional do Ministério Público – que, nesse caso, há, sim, materialização de crimes de prevaricação e de responsabilidade por descumprimento de prazos a que estão sujeitos os procuradores no trato e no desfecho de inquéritos, nos quais se enquadram, acima de tudo, o dever de decidir e o prazo razoável, ou seja, a absoluta, a mais absoluta obediência ao princípio do dever de ofício.
     
    Assim, Srª Presidenta, há que se investigar a motivação de posturas desse tipo. O que de fato há por trás dessa procrastinação? Que interesses outros moveram o Procurador-Geral da República para agir – ou não agir – desse modo? Já pensaram as Srªs e os Srs. Senadores se, baseado no exemplo do chefe do Ministério Público, todos os demais procuradores resolvessem fazer o mesmo? A sociedade espera uma resposta, uma resposta clara e insofismável.
     
    Desse modo, Srª Presidenta, ficam aqui minhas palavras, minhas afirmações, minhas atitudes. Sobre elas, peço apenas a reflexão de todos, pois há muito ainda o que debater daqui para frente.
     
    Por enquanto, Srª Presidenta, é o que tenho a dizer.
     
    Agradeço a sua atenção.”
     
     
     
     

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