• Cadastre-se
  • Equipe
  • Contato Brasil, 24 de abril de 2024 17:35:01
Nordeste em Manchete
  • 27/05/2016 09h55

    ESPECIAL DE FIM DE SEMANA - Há mais de dois anos, nordestinos como Lula, Collor e Sarney são alvos de escândalos e de tramas para barrar a “Lava Jato”

    Maior operação já deflagrada no País, com 30ª fases e mais de 200 mandatos de prisão, resiste mesmo com a pressão de políticos de diferentes partidos

    (Brasília-DF, 27/05/2016) Operação Lava Jato, a maior já deflagrada no País, resiste mesmo com a pressão da classe política. Um grande número de políticos da Região Nordeste está entre os investigados em escândalos de propina e desvio de dinheiro. E novos personagens vieram à tona esta semana tentando obstruir os trabalhos do Ministério Público Federal (MPF) e barrar a operação.

    Deflagrada pelo Ministério Público Federal (MPF), em 17 de março de 2014, com 128 mandatos judiciais Paraná, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso, e várias prisões, dentre elas a do doleiro Alberto Youssef, detido em um hotel, em São Luís do Maranhão, a Operação Lava Jato chegou este mês à sua 30ª fase.

    Nesses dois anos e dois meses, o MPF computou mais de 130 prisões de políticos e empresários - que somam mais de 990 penas acumuladas, executados 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condução coercitiva, cerca de 200 mandatos de prisão, mais de 90 condenações criminais e uma soma de quase R$ 3 bilhões recuperados para os cofres públicos, segundo a força-tarefa da investigação.

    No rol das investigações e dos escândalos – que começou em um posto de gasolina em Brasília e se estendeu por todo o Brasil -, estão doleiros, operadores financeiros, grandes empresas com atuação no País e no exterior (como a própria Petrobras, a Odebrecht, Andrade Gutierrez e outras), mais de 60 políticos (entre deputados, senadores, ex-ministros) do PT, PP e do PMDB, principalmente.

    03 ex-presidentes da República

    Três ex-presidentes da República, todos do Nordeste, estão envolvidos na operação. Dois são denunciados e integram a lista dos investigados da Polícia Federal: Fernando Collor de Melo (PTC-AL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PE) – este com maior gravidade. E um, por tentar obstruir as investigações e barrar a operação, o que veio à tona esta semana: José Sarney (PMDB-MA).

    A lista de políticos nordestinos investigados pela Operação Lava Jato, nessas 30 fases, é extensa. Entre os nomes envolvidos nos escândalos de propina da Petrobrás está o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), agora também apontado, esta semana, como um dos que tentam frear as investigações do MPF.

    Gravações de Machado

    Outro nordestino investigado pela operação é o ex-senador e ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras para o ramo de gás natural, Sergio Machado (PMDB-CE), o personagem da semana. Através do jornal Folha de Paulo vieram à tona gravações feitas por Machado com o senador pernambucano, eleito por Roraima, Romero Jucá (PMDB-RR), Renan e Sarney.

    A gravação com Jucá provocou a sua exoneração do Ministério do Planejamento, e o primeiro desfalque na equipe do governo de Michel Temer. Jucá também é um dos políticos investigados pela Lava Jato.

    Ministros e ex-ministros

    Na mira do MPF e da Polícia Federal estão lista nordestinos que são ou já foram ministros de Estado. É o caso do ex-ministro da Integração Nacional, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e o ex-ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA).

    E novos ministros do governo Temer: o ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE), o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE) e o Secretário de Governo de Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)

    Mais nordestinos

    Tem também os ex-deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), que juntamente com o ex-deputado André Vargas, ex-PT, foram presos na 11ª fase da operação.

    E na 15ª fase da operação mais nordestinos envolvidos. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de seis políticos, entre eles, o senador Fernando Collor (AL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) – presidente nacional da legenda, os deputados Eduardo da Fonte (PP-PE), Mário Negromonte (PP-BA) e Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB-PE). Na casa de Collor, inclusive, os agentes levaram três carros de luxo - uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.

    “Nomes” da Lava Jato

    Em dois anos e dois meses, a Operação Lava Jato já teve 30 fases.  A partir da 7ª fase, cada uma foi batizada com um nome.

    O próprio nome-central da operação, “Lava Jato”, decorre do uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Embora a investigação tenha avançado para outras organizações criminosas, o nome inicial se consagrou. 

    A Operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia.

    Entre os nomes que a Polícia Federal batizou as fase da Lava Jato e que tiveram muita repercussão estão: Juízo Final (7ª fase), My Way (9ª fase), Que País é Este? (10ª fase), A Origem (11ª fase), Erga Omnes (significa “Serve para Todos”, 14ª fase), Conexão Mônaco (15ª fase), Politeia – desdobramento da Lava Jato, a partir de julho de 2015, Radiotividade (16ª fase), Operação Pixuleco I e II (17ª e 18ª fases), Nessum Dorma (significa “Ninguém Dorme”, 19ª fase), Corrosão (20ª fase) e Passe Livre (21ª fase).

    A Operação Catilinárias resultou na busca e pressão em várias casa de políticos, como de Eduardo Cunha. A Operação Acarajé (23ª fase), que resultou na prisão do publicitário baiano João Santana e outros. E a Operação Aletheia (24ª fase), que resultou na condução coercitiva de Lula e outros, dentre outros nomes.

    No dia 24 deste mês, a PF deflagrou a Operação Vícios (30ª fase) da Operação Jato, com 39 mandados judiciais.

    OS NÚMEROS DA LAVA JATO

    - O Tribunal de Contas da União calcula que os prejuízos estimados com o esquema de corrupção chegam a R$ 29 bilhões. Nas contas da Polícia Federal (PF), no entanto, esse valor pode chegar a R$ 42 bilhões. A força-tarefa já pediu o ressarcimento de R$ 21,8 bilhões. E já foram recuperados, até março deste ano, R$ 2,9 bilhões.

    - Réus de processos criminais na operação tiveram R$ 2,4 bilhões em bens bloqueados.

    - Foram propostas 37 ações penais contra 179 pessoas, além de seis ações de improbidade administrativa contra 49 pessoas - 33 físicas e 16 jurídicas.

    - As 93 condenações criminais, incluindo casos de pessoas condenadas mais de uma vez, somam 990 anos e sete meses de prisão.

    - Em termos de investigação, foram executados 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condução coercitiva e 134 de prisão - destes são 64 preventivas e 70 temporárias.

    - Para o MPF, 8% dos 179 acusados estão presos preventivamente, e 3% deles estão presos ainda sem condenação.

    - Continuam presos preventivamente: Marcelo Bahia Odebrecht, Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo, José Dirceu de Oliveira e Silva, José Carlos Costa Marques Bumlai, Renato de Souza Duque, Jorge Luiz Zelada, Pedro da Silva Correa de Oliveira Andrade Neto, André Luiz Vargas Ilário, João Augusto Rezende Henriques, João Luiz Argolo dos Santos, João Vaccari Neto, Iara Galdino da Silva e Nelma Kodama.

     

    (Por Gil Maranhão – Especial para Agência de Notícias Política Real. Edição: Genésio Jr.)


Vídeos
publicidade