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- Contato Brasil, 29 de março de 2024 12:36:36
(Brasília-DF, 13/05/2016) A passagem do comando da presidência de República esta semana de Dilma Rousseff, afastada temporariamente – por seis meses, até que se conclua o julgamento do seu impeachment no Senado Federal -, natural de Minas Gerais, para o presidente interino Michel Temer, de São Paulo, traz à tona a famosa “política do café com leite”.
Trata-se de um período em que o governo do Brasil era alternado entre representantes de Minas Gerais e de São Paulo. De acordo com os historiadores, foi uma estrutura de poder que predominou na chamada República Velha, de 1889 a 1930, em que prevalecia a defesa dos interesses econômicos dos produtores de café do estado de São Paulo e dos grandes fazendeiros do estado de Minas Gerais.
Paulista e mineiros se reversavam no governo federal e a “política café com leite” só terminou com a Revolução de 30, que exterminou as instituições políticas da República Velha.
Aristocracia cafeeira
A aristocracia cafeeira predominava no Brasil desde Império. Mas os cafeicultores que não participaram do golpe militar que proclamou a República, em 1889, se sentiam discriminados. E só passaram a ter influência política no terceiro governo republicano, quando o paulista Prudente de Morais assumiu a presidência, sendo também o primeiro presidente civil da história do País.
Os dois primeiros presidentes da Velha República eram militares e do Nordeste – marechal Deodoro da Fonseca e marechal Floriano Peixoto, ambos de Alagoas.
De Prudente de Morais a Washington Luís
A partir de então, com Prudente de Morais, o País presenciou uma alternância de poder entre paulistas e mineiros. Os dois estados respondiam por mais de um terço da população e possuíam os maiores colégios eleitorais da época. E logo veio à cena política brasileira a “guerra” entre chefe políticos do Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM).
De Prudente de Morais – paulista, mas do Partido Republicano Federal (PRF), que iniciou o seu governo em 15 de novembro de 1894, até Washington Luis, que assumiu em 15 de novembro de 1926, somente quatro presidentes não procediam dos estados de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG): Hermes da Fonseca (Petrópolis-RJ), Nilo Peçanha (Campos de Goytacazes-RJ), Epitácio Pessoa (Umbuzeiro-PB) e o próprio Washington Luís (Macaé-SP).
A presidência da República, nesse período, foi comandada por Campos Sales (SP), Rodrigues Alves (SP), Afonso Pena (MG), Nilo Peçanha (RJ), Hermes da Fonseca (RJ), Venceslau Brás (MG), Rodrigues Alves (SP) – morreu antes de tomar posse e assumiu, interino, Delfim Moreira (MG) -, Arthur Bernardes (MG), Epitácio Pessoa (PB) e Washington Luís (SP).
De Itamar a Temer
A nova “política café com leite” não apenas está de volta ao cenário brasileiro com a transmissão do poder de Dilma Rousseff, nascida em Belo Horizonte-MG, para o Michel Temer, nascido em Tietê-SP.
Na verdade, teve ensaio no governo de Itamar Franco, que fez carreira pública e política no estado de Minas Gerais (foi governador e senador), iniciado por Juiz de Fora, onde foi vereador e prefeito. Contudo, Itamar nasceu a bordo de um navio de cabotagem que fazia a rota Salvador-Rio de Janeiro e foi registrado na capital baiana, em 28 de junho de 1930.
Ele assumiu a presidência em 29 de dezembro de 1992, com o impeachment de Fernando Collor de Melo.
FHC, Lula, Dilma
Depois de Itamar, assumiu a presidência da República, em 1º de janeiro de 1995, um “paulista”, que nasceu no Rio de Janeiro: Fernando Henrique Cardoso (FHC). Fez carreira política e ainda mora em São Paulo. Reeleito, ficou no poder até 2003.
Depois, assumiu a presidência um outro cidadão que São Paulo acolheu desde cedo – e onde mora ainda hoje: Luiz Inácio Lula da Silva. Lula nasceu em Caetés, na época distrito de Garanhuns, em Pernambuco.
Reeleito, o “paulista” Lula ficou no poder até 2011, quando passou a faixa presidencial para a mineira Dilma, que agora foi substituída pelo paulista de verdade, Michel Temer.
Temer, 1º paulista, desde Mazzilli
Vale lembrar que Michel Temer – o 37º presidente do Brasil - é o primeiro paulista a assumir a presidência da República desde Raniere Mazzilli - que nasceu em Caconde, São Paulo.
Como Temer, Mazzilli foi presidente da República interinamente, e também em períodos conturbados da política brasileira. Mazzilli assumiu o poder por duas vezes, e em ambas, por poucos dias. A primeira vez foi de 25 de agosto a 07 de setembro de 1961, com a saída de Jânio Quadro – e aí assumiu João Goulart.
A segunda vez, por força de um golpe, Raniere Mazzilli assumiu interino, por apenas 13 dias - 02 de abril a 15 de abril de 1964, com a saída de João Goulart. A partir daí, assumiram os governos do regime militar, que perdurou até 1984, com a eleição do mineiro Tancredo Neves, o inicio da redemocratização do País.
(Por Gil Maranhão – Especial para Agência Política Real. Edição: Genésio Jr.)