(Brasília-DF, 07/05/2016) Um parlamentar da região Nordeste volta a presidir a Câmara dos Deputados. Waldir Maranhão (PP-MA), que na quinta-feira, 05, passou a ser o presidente em exercício da Casa, é o 11º nordestino a assumir a chamada “Casa do Povo”, que integra o Congresso Nacional, um dos três poderes do País. Ele também é o primeiro parlamentar do estado do Maranhão a assumir a presidência da Câmara na história da República e o terceiro maranhense, desde a era do Império.

Waldir assumiu por força da decisão do Supremo Tribunal Federal, que determinou o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato parlamentar e da presidência da Câmara.

Ora aqui, ora acolá

Ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão, Waldir Maranhão Cardoso, que nasceu em São Luís (MA) a 4 de agosto de 1955, é formado em Medicina veterinária. O parlamentar maranhense é conhecido na vida pública pelas mudanças constantes – de partido e de posição.

No campo partidário Waldir, que está no seu terceiro mandato na Câmara Federal, iniciou a carreira política no PDT, em 1985 e ficou até o ano seguinte, 1986, quando ingresso no PSB e ali se alojou até 1988; depois foi para o PTB, ficando na legenda até 2005. Nesse ano, voltou ao PSB, partido pelo qual foi eleito pela primeira deputado federal. Mas em 2007 filiou-se ao Partido Progressista (PP) no qual permanece até o momento e pelo qual se elegeu duas vezes à Câmara Federal.

No campo político, ele ficou nacionalmente conhecido por mudar de lado na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff: até dois dias antes era favorável, seguindo seu “guru” político Eduardo Cunha e a orientação do seu partido, mas votou contrário, após conversas reservadas com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), pró-Dilma.

Waldir, no Maranhão

Antes, no seu estado, Waldir protagonizou algumas mudanças de posição. Foi reitor da Uema com apoio do ex-presidente José Sarney (PMDB). Apoiou o ex-governador José Reinaldo (PSB), quando este rompeu com a Oligarquia Sarney e lançou o ex-governador Jackson Lago (PDT) ao governo. Waldir que já tinha concorrido a deputado federal pelo PSB  apoio Lago no primeiro turno, mas no segundo, apoio Roseana Sarney (PMDB) acreditando na sua vitória. Foi derrotada. Waldir ingressa no PP. Roseana ingressa no Supremo Tribunal Federal e com ajuda de Lula/Dilma consegue tomar o mandato de Lago, e chama o parlamentar pepista para Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado.

“Quero ver agora se o Waldir é governo ou oposição. Espero que ele não escolha a mesma escola de Eduardo Cunha”, resmungou nesta sexta-feira, 06, o vice-líder do Governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) ao revelar aos jornalista que esteve conversando com o novo presidente da Câmara ele lhe deu duas garantia: criar a comissão do impeachment do vice-presidente Michel Temer e “analisar” (não é fazer acontecer) a ação da Advocacia Geral da União (AGU) que pede anulação da sessão do Plenário da Câmara do dia 17 de março passado que aprovou o impeachment na de Dilma.

Nordestinos na presidência

Desde a era do Império, a Câmara dos Deputados já teve 106 presidentes: 54 no período do Império e 52 (até Eduardo Cunha) no período da República. O tenente-general Luís Pereira da Nóbrega de Sousa Coutinho, do Rio de Janeiro, foi eleito primeiro presidente da Câmara dos Deputados, cargo que exerceu de 8 de maio a 21 de dezembro de 1826, data de sua morte.

Na época do Império, período em que o Brasil foi uma Monarquia Constitucional independente, a Câmara teve 54 presidentes. Desse, dois eram maranhenses: Francisco José Furtado, que presidiu a Casa de fevereiro a gosto de 1864; e Augusto Olímpio Gomes de Castro, de maio de 1887 a maio de 1988.

No Império

O Nordeste comandou a presidência da Câmara por 20 vezes. O primeiro nordestino a presidir a Casa foi o pernambucano Pedro de Araújo Carvalho, marquês de Olinda de junho de 1987 a maio de 1828. Ele foi o 3º presidente da história da Câmara. Araújo Lima voltou à presidência em maio de 1829 e ficou até mio de 1830.

De Pernambuco vieram também os presidentes Venâncio Henriques de Resende, Francisco Muniz Tavares, Manuel Inácio Cavalcanti de Lacerda, barão de Pirapama, Antônio Peregrino Maciel Monteiro, barão de Itamaracá, Pedro Francisco de Paula Cavalcanti Albuquerque, visconde de Camarajibe, e Henrique Pereira de Lucena, barão de Lucena.

Outros Nordestinos a comandar aquela casa do Parlamento brasileiro foram os baianos José da Costa Carvalho, marquês de Monte Alegre (por três vezes); José Ribeiro Soares da Rocha, Inocêncio Marques de Araújo Góis e João Ferreira de Moura; o cearense José Martiniano de Alencar; e o piauiense Franklin Américo de Menezes Dória, barão de Loreto.

Na República

No período da República, iniciado em 1822, a Câmara teve 52 presidente. Waldir Maranhão passa a ser o 53º parlamentar a ocupar a Presidência da Casa. Alguns ocuparam os cargos mais duas o mais vezes, como Ulysses Guimarães – por três vezes (1966-57; 1985-87; e 1987-89), o piauiense Flávio Marcílio, também por por três vezes, ou mesmo, Michel Temer, por duas vezes.

Alguns tiveram períodos longos na presidência da Casa, como Sabino Barroso (de 1909 a 1919), o recordista, com 11 anos no poder; Astolfo Dutra (de 1915 a 1920) e Bueno Brandão (de 1921 a 1926).

Nesse período, também o primeiro nordestino a presidir a Câmara dos Deputados foi um pernambucano: Rosa Silva (de 1894 a 1895). Outros nordestinos a presidirem casa foram: o paraibano Samuel Duarte (da cidade de Alagoa Grande, de 1947 a 1948); o piauiense Flávio Marcílio, por três vezes: 1973-75, depois de 1979-81, e de 1983-85; o pernambucano Marcos Maciel  (de 1977-79), o cearense Paes de Andrade (de 1989-91); o baiano Luís Eduardo Magalhães (1995-97); o paraibano Efraim de Araújo Moraes (2002-2003), o pernambucano Severiano Cavalcanti (2005), o alagoano (eleito por São Paulo) Aldo Revelo e o potigar Henrique Eduardo Alves (2014).

Veja aqui todos os presidentes da Câmara dos Deputados no período do Império e no período da República:

www2.camara.leg.br/a-camara/presidencia/galeria-de-presidentes

(Por Gil Maranhão – Especial para Agência de Notícias Política Real. Edição: Genésio Jr.)