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(Brasília-DF, 17/06/2016) Nos anos de 1993/94 um filme norte-americano estarreceu e encantou os brasileiros, narrando a história do empresário alemão Oskar Shindler que, mesmo oportunistas e com outros defeitos, durante o Holocausto salvou a vida de mais de mil judeus dos campos de concentração nazista, empregando-os na sua fábrica. Era a “Lista de Schindler”, dirigido por Steve Spielberg e escrito por Steven Zaillian, baseado no romance “Shindler’s Ark”, de Thomaz KIeneally.
Desde o ano passado, a população brasileira assiste estarrecida e indignada a um outro filme, tão real quanto o de Spielberg, cujo enredo é a corrupção – agora, não mais sutil, mas escancarada. Um fosso de escândalos.
Os protagonistas não os judeus, mas políticos brasileiros, eleitos por essa mesma população para lhe representar no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, para lutar por programas e iniciativas de interesses do País nos Ministérios, ou mesmo para comandar a Presidência da República.
Dois filmes brasileiros
Eles aparecem em duas listas de terror e medo. De roubos e sonegações. De assalto aos cofres públicos e propina. De tramas e armações políticas e politiqueiras. De desvio e de lavagem de dinheiro público.
São duas listas – até o momento. Uma extensão d outra: a “Lista de Janot” e a “Lista de Machado”. As duas tem origem na Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal.
Elas são reveladas no momento em que o País vive uma crise política cuja ponta do novelo ninguém parece encontrar, com uma massa de corrupção que vem ganhando corpo desde o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, se escancarou nos governos de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e contamina membros da equipe do governo transitório de Michel Temer.
Primeira lista
A “Lista de Janot” surgiu em março de 2015, quando o titular da Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma relação contendo o nome de 54 políticos do PT, PMDB e PP principalmente envolvidos nas investigações dos escândalos de desvio de dinheiro da Petrobras.
Um assalto desvelado, sem arma, à maior estatal brasileira e uma das maiores petrolífera do mundo, que veio à tona a partir da prisão, em março de 2014, do doleiro Alberto Youssef, no Hotel Louzeiro, em São Luís do Maranhão (quando teria feito um dos repasses da propina a políticos daquele estado, envolvidos no esquema)
Só daquele estado são três os citados nesta lista: o ex-ministro de Minas e Energia de Dilma, Edison Lobão (PMDB), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e o 1º vice (atual presidente interino) da Câmara dos Deputado, Waldir Maranhão (PP).
Dos 54 suspeitos da Lista de Janot, o STF decidiu abrir inquérito de investigação de 47 políticos, por intermédio do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo. O deputado Eduardo Cunha, afastado da presidência da Câmara pelo STF desde o dia 5 de maio, foi o primeiro alvo da PGR e também a virar réu no processo.
Segunda lista
A “Lista de Machado” veio à público nas duas últimas semana, através de gravações vazadas á imprensa e de depoimentos de delação premiada do ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, e ex-senador Sérgio Machado (eleito pelo PSDB do Ceará e agora no PMDB). Embora menor, com denúncias envolvendo 28 políticos de seis partidos – PMDB, PT, PP, PCdoB e PSB, o estrago no meio político foi maior.
De cara, Machado atingiu em cheio, por meio de suas gravações, o ex-presidente da República José Sarney, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e o senador Romero Jucá, revelando estratégias para barrar o trabalho da Justiça.
Ministro & Michel
Depois, provocou a queda de três ministros do governo de Michel Temer. Dois deles acusados de tentar obstruir as investigações da Lava Jato: o senador Romero Jucá, do Planejamento (demitido dia 23 de março) e Fabiano da Silveira, da Transparência (demitido dia 30 do mesmo mês). O terceiro, Henrique Alves, deixou o ministério do Turismo, nesta quinta-feira, 16, acusado de ter recebido propina de R$ 1,55 milhões como doação de campanha.
E mais: Machado atingiu direto – e deixou extremamente irritado esta semana – o atual presidente (em exercício) da República, Michel Temer, acusando-o de ter pedido doação no valor de R$ 1, 5 milhões à candidatura de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, nas eleições de 2012. “A acusação é irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa (...) Falo com palavras indignadas, mas ao meu estilo, para registrar mais uma vez que esta leviandade não pode prevalecer”, rebateu Temer.
A LISTA DE MACHADO
Ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP).
Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)
Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Senador Edison Lobão (PMDB-MA)
Senador Eduardo Braga (PMDB-AM)
Senador Jader Barbalho (PMDB-PA)
Senador pernambucano Romero Jucá (PMDB-RR)
Senadores Valdir Raupp (PMDB-RO)
Senador José Agripino Maia (DEM-RN)
Senador Roberto Requião (PMDB-PR)
Deputado Walter Alves (PMDB-RN)
Deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP)
Deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ)
Deputado federal Edson Santos (PT-RJ)
Deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
Deputado federal Felipe Maia (DEM-RN)
Deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI)
Ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
Ministro do TCU Vital do Rego (PMDB-PB)
Ex-ministra Ideli Salvatti (PT-SC)
Ex-deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ)
Ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) – morreu em 2014
Ex-senador Teotônio Vilela Filho (PMDB-AL)
Governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles (PP-RJ)
Secretário de Educação de S. Paulo Gabriel Chalita (PMDB-SP)
Ex-ministro de Educação (de FHC) Luiz Carlos M. de Barros
A LISTA DE JANOT
Renan Calheiros - senador - PMDB/AL
Eduardo Cunha - deputado federal - PMDB/RJ
Fernando Collor de Mello - senador - PTB/AL
Lindberg Farias - senador - PT/RJ
Cândido Vaccarezza - ex-deputado - PT/SP
Gleisi Hoffmann - senadora - PT/PR
Benedito de Lira - senador - PP/AL
Arthur Lira - deputado federal - PP/AL
José Mentor - deputado federal - PT/SP
Edison Lobão - senador - PMDB/MA
Humberto Costa - deputado federal - PT/PE
José Otávio Germano - deputado federal - PP/RS
João Alberto Pizzolati - ex-deputado federal - PP/SC
Roseana Sarney - ex-senadora - PMDB/MA
Vander Loubet - deputado federal - PT/MS
Antonio Anastasia - senador - PSDB/MG
Aníbal Gomes - deputado federal - PMDB/AL
Simão Sessim - detapudo federal - PP/RJ
Nelson Meurer - deputado federal - PP/PR
Roberto Teixeira - ex-deputado federal - PP/PE
Ciro Nogueira - senador - PP/PI
Gladson Cameli - senador PP/AC
Aguinado Ribeiro - deputado federal - PP/PB
Eduardo da Fonte - deputado federal - PP/PE
Luiz Fernando Faria - deputado federal - PP/MG
Dilceu Sperafico - deputado federal - PP/PR
Jeronimo Goergen - deputado federal - PP/RS
Sandes Júnior - deputado federal - PP/GO
Afonso Hamm - deputado federal - PP/RS
Missionário José Olímpio - deputado federal - PP/SP
Lázaro Botelho - PP/TO
Luis Carlos Heinze - PP/RS
Renato Molling - deputado federal - PP/RS
Renato Balestra - deputado federal - PP/GO
Lázaro Britto - deputado federal - PP/PP
Waldir Maranhão - deputado federal - PP/BA
Mario Negromote - ex-deputado federal - PP/BA
Pedro Corrêa - ex-deputado federal - PP/PE
Aline Corrêa - ex-deputado federal - PP/SP
Carlos Magno - ex-deputado federal - PP/RO
João Leão - ex-deputado federal e ex-vice-governador - PP/BA
Luiz Argôlo - ex-deputado federal - PP/BA (atualmente no Solidariedade)
José Linhares - ex-deputado federal - PP/CE
Pedro Henry - ex-deputado federal - PP/MT
Vilson Covatti - ex-deputado federal - PP/RS
Romero Jucá - senador - PMDB/RR
Valdir Raupp - senador - PMDB/RO
Fernando Antonio Falcão Soares (Fernando Baiano) - lobista
João Vaccari Neto - tesoureiro do PT
Aecio Neves
Alexandre José dos Santos
Delcídio do Amaral
João Alberto Pizzolatti Jr.
Henrique Alves
(Por Gil Maranhão – Agência de Notícias Política Real. Edição: Genésio Jr.)