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  • Contato Brasil, 25 de abril de 2024 16:16:46
Jorge Henrique Cartaxo
  • 07/05/2019 19h02

    Mais um grito

    Para nosso crescente desespero, os homens que comandam o Estado brasileiro, em sua maioria, se comportam de uma maneira no mínimo indigesta e ofensiva

    O Grito( Foto: Imagem de Internet)

    “A doença, a loucura e a morte foram os anjos  que velaram meu berço”.  A frase dolorosa e grave de Edvard Munch, não raro, nos acompanha quando olhamos os últimos tempos em nosso País!

    O norueguês, considerado  precursor do expressionismo e autor de obras impactantes como O grito, O beijo, O dia seguinte – telas que valorizam o trágico, o sombrio e o chocante –  que viveu entre as últimas décadas do século XIX e as quatro primeiras décadas do século XX,  traz nos seus traços a inquietude do mundo  moderno e industrial. A velocidade, os ruídos e as solidões conjuntas das grandes cidades em expansão,   os dissabores íntimos da sua contemporaneidade. Munch, é verdade, teve uma vida pessoal trágica e com profundas marcas de dor e perdas irreparáveis.

    Em sua tela clássica e mais famosa, O Grito, Munch nos oferta uma imagem extremamente forte: o por do sol no porto de Oslofjord, visto de uma ponte onde uma figura andrógina, sem cabelos, com um olhar que expressa uma solidão profunda e infinita, abrigando um grito de socorro. A voz muda da figura eloquente se sobressai num ambiente de traços cortantes, imprecisos em cores marcantes. Sua mensagem é a angustia e a dor!

    Ao me deliciar com o texto magnífico de Peter Gay no seu clássico “O Modernismo – o fascínio da heresia”,  no  capitulo em que ele fala de Munch com destaque para “O Grito”, não pude deixar de trazer aquele sofrimento para o momento presente do nosso País. Pelo menos nas última décadas, o Brasil tem estado bem doente e nos oferecido muitas mortes por violência e descaso do poder público. O olhar e a expressão dos brasileiros são de angustia, medo, perplexidade e solidão. E o mais grave: nossos governantes e instituições, apenas aceleram e jogam mais lenha nessa fornalha do horror. Apesar das imensas possiblidades que temos, da riqueza extraordinária do nosso País, da admirável bravura existencial do nosso homem comum,  que teima em viver e sorrir apesar de tudo e de todos, nosso amanhã nos parece sombrio.

    Para nosso crescente desespero, os homens que comandam o Estado brasileiro, em sua maioria, se comportam de uma maneira no mínimo indigesta e ofensiva. O presidente da República e seus filhos, por exemplo, falam e agem com absoluta falta de modos e preparo para os lugares que ocupam. Um autoproclamado filosofo, um senhor bizarro e pornográfico, tido e havido como uma espécie de guru da família Bolsonaro, ofende o País com suas opiniões grosseiras sobre membros do governo. Enquanto isso, os temas e assuntos que nos são caros e urgentes, nos chegam com mentiras e achaques. Inviável!

                                      


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